quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Um papel abandonado

Fiz do coração espaçonave e visitei muitos planetas. Fiz da minha vida liberdade e flutuei como um cometa. Transformei meu sangue em água e minha pele em ventânia, fiz de mim tempestade e percorri o mundo noite e dia.

Vesti um sorriso bonito e decidi ser correnteza, me aprofundei nas profundezas mais profundas da mais baixa profundidade, fiz tudo isso de propósito, sem maior finalidade. Tentei correr, correndo uma corredeira que corria, fui tão devagar que uma tartaruga vagarosa conseguiu vagar sozinha na dianteira da corredeira que eu pensava que ta vazia.

Parei num canto sozinho, sentado numa árvore isolada, ouvindo o canto de um passarinho com uma melôdia engraçada. Foi ali, naquele cantinho, que encontrei o meu lugar. Um papel rasgado e sozinho, esperando alguém chegar.

Cheguei.

Câmbio, desligo.