quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Ele estava lá. Sentado sozinho num banco de pedra. Frio. Ele sentia frio. E um vazio, um certo vazio que teimava em não se preencher. Talvez fosse só a camisa, que por ele esta inclinado pra frente, não tocava seu peito. Talvez fosse a adrenalina no corpo, ou a razão na mão. Ele já não sabia ao certo. O idiota continuo sentado por vários minutos, parecendo que tinha matado alguém com aquele rosto de dor. Pura besteira. Ele foi tão idiota que não percebia que não tinha nada a fazer. Pura ingenuidade daquele pobre garoto egoísta. Era culpa da sua vontade de ajudar, de querer proporcionar o melhor, que ele destruía o que foi bom. Coitado, e enquanto tentava consertar esmigalhava. Gerava dúvida. As dava asas, mesmo sem saber. Pobre animal sentimental.

- Garoto bobo, você não pode ajudar tão de perto pois o problema é você, idiota.

Ele acreditou e levantou. Saiu, mas dessa vez não cantarolou. 

Se foi, calou. Pensou, mas não falou. Decidiu sumir, não se achou. 

Câmbio, desligo.  

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Fui Pixote, sei andar na escuridão.
Enfrentar moinho, derrubar dragão.
Cavaleiro Andante, sei andar sozinho.
Dom Quixote não tem medo de alucinação.
Desde do saco do meu pai tô na batalha.
Não nasci pra ser esparro de canalha!

Gabriel O Pensador.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Ele sempre olha pela janela. Sempre olha pro mar. 

E lá estava ele sentado no canto do ônibus com o livro aberto nos braços. E lá estava o outro, estirado descansando, deitado se renovando com cada onda que quebrava na beira. Lá estava o outro, tão gigante e pesado, tão deitado e cansado, por tantos tão maltratado. Lá estavam eles, um olhando pro outro, querendo se encontrar, novamente compartilhar a alegria de surfar. Lá estavam os dois, tão sozinhos com tanta gente. Tão sós, tão diferentes.

Talvez ele olhasse pro mar porque o intrigava aquela imensidão, ou quem sabe fosse só a ilusão hipnótica que o mar transmite pra gente? Talvez ele nem olhasse pro mar e sim pr'aquelas tantas nuvens vindo lá longe, como um exército marchando pra guerra, ou uma fanfarra em passarela. Mas, cá entre nós, eu acho mesmo é que ele olhava pro horizonte acima do mar, pro desconhecido por ele. Era vontade de andar. Pode até ser que eu tenha me enganado, mas acho que era isso mesmo que ele olhava. Ele achava interessante essa coisa que nos liga mesmo tão distante. Água.Talvez fosse só curiosidade, ou quem sabe fantasia. Sei que ele não tirava os olhos... E o outro nunca saia de lá, sempre o esperava em todos os fins de manhã, inevitavelmente no mesmo lugar, mas sempre em movimento.

Ele sempre olha pela janela, sempre em busca do mar.

Câmbio, desligo.